Recursos do BID vão alavancar o turismo em Salvador
O tema do Carnaval de 2017 da capital baiana será “Salvador, Cidade da Música”. Em entrevista exclusiva para o Portal Turismo Total e o site da Abrajet-Ba, o secretário de Cultura e Turismo da primeira capital do Brasil, Érico Pina Mendonça Júnior, de perfil técnico, que trabalha para ver concretizado, a partir do primeiro semestre de 2017, o pacote de projetos que tem em mãos para alavancar ainda mais a atividade turística, fala sobre a cidade e suas investidas como gestor público especializado em turismo. Ele aborda o avanço que o Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), por exemplo, pode proporcionar à infraestrutura local, com investimentos da ordem de US$ 105 milhões, provenientes do Banco Interamericano de Desenvolvimento, uma das prioridades da sua gestão à frente da Secult. A boa notícia adianta Mendonça, é que, depois de um longo processo, este contrato de financiamento com o BID e o município já está para sair.
“Salvador, depois nestes quatro anos com o prefeito ACM Neto, entrou num processo de crescimento e de melhoria das suas estruturas, da cidade de uma maneira geral. A orla está requalificada, temos hoje uma extensão de quase 60 quilômetros de ciclovia, temos um tipo de bicicleta que é o bike turista, que abre alternativa pra o turista curtir a cidade, aqueles que gostam de usar a bicicleta, estamos com equipamentos culturais novos, aqueles que já vieram à Salvador têm mais um motivo para retornar e conhecer a Casa de Jorge Amado ( localizado no bairro do Rio Vermelho), um memorial de excelente padrão como espaço em homenagem a um autor como Jorge Amado, e todos vão sair de lá entusiasmados com o que foi feito nesta casa. Na sequência os dois espaços que estão já funcionando desde maio, que são o Forte de Santa Maria e o Forte São Diogo, o primeiro com o Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana, que além de homenagear Verger e as suas fotos, tem mais 56 fotógrafos baianos que estão ali expostos, e o segundo, também novo e no outro lado do Porto da Barra, com uma homenagem a Caribé. Os dois espaços, ao fim da tarde, oferecem uma projeção mapeada nas fachadas, além do espetáculo do por do sol. Esperamos já pra esse verão, ainda não totalmente pronto, mas que o Forte de São Marcelo possa estar aberto pra visitação, embora ainda sem nenhum conteúdo, mas o próprio forte em si já é uma atração para quem quiser visitar. Ainda temos todo o período de festas, o próprio Carnaval, festas de largo, o Réveillon, que fazem com que Salvador faça jus ao título de Cidade da Música, que é por sinal o tema do Carnaval de 2017”, declarou o arquiteto e Mestre em Administração Érico Mendonça, como quem convida o turista a visitar a primeira capital do Brasil.
Sobre o montante que será liberado, via Prodetur, pelo BID, revela que “provavelmente a assinatura aconteça em janeiro de 2017 e aí entrariam algumas obras que vão melhorar a infraestrutura de Salvador no que se refere à questão do turismo”. Uma destas obras, em sua opinião “a mais interessante” será tocada no extremo norte da capital, proporcionando uma grande reurbanização do trecho onde estão localizados os bairros de Stella Maris, Ipitanga e Flamengo. “É uma área com melhores condições geográficas para o turismo de sol e praia”, pontua por não se ter no local uma grande via de circulação. “Tem uma faixa larga entre a via e o mar, o que permite ali se desenvolver práticas de esportes, enfim uma melhor fruição do mar naquele trecho”.
Outra obra que Mendonça acredita incentivará a atividade turística no município será realizada ao longo da faixa central da centenária Avenida Sete de Setembro. “Vai ser totalmente requalificada, desde o Campo Grande até a Praça Castro Alves e que vai, certamente, ajudar a fortalecer mais o Centro Histórico”.
Com a intenção da prefeitura de ter uma ação mais forte em relação ao centro da cidade, incluindo o Pelourinho, o secretário de Turismo e Cultura de Salvador anuncia, dentro deste contexto, avanços com os projetos da Casa da História de Salvador e o futuro Museu da Música. “A Casa ficará num prédio ao lado do Mercado Modelo, onde vai ser também o novo Arquivo Público de Salvador, inclusive com peças que estão hoje escondidas, sem condições de divulgar e apresentar. Então este novo espaço vai permitir isso. Também está na pauta, e aí dependendo de um outro financiamento que nós estamos pleiteando, que é através do Banco de Desenvolvimento da América Latina, para a implantação do Museu da Música, que é um projeto que o prefeito também vem querendo implementar já há algum tempo, mas que não conseguimos fazer com recursos do Prodetur, mas a CAF, que é a sigla do Banco da America Latina, se prontificou a financiar. Então estamos iniciando este processo e o primeiro passo agora é aguardar a Carta Consulta que nós já enviamos ao Governo Federal pra que aprove esta operação e, daí em diante, entrar em contato direto com o banco e apresentar o projeto, todos os detalhes. Se tudo correr bem, acho que até o início do segundo semestre do próximo ano a gente já tenha também condições de dar início ao Museu da Música que, entendemos nós, vai ser um dos grandes museus de Salvador”, relatou Érico Mendonça.
O Museu da Música irá funcionar na Praça Cairu, próximo ao Mercado Modelo, no prédio de fachada de azulejos, onde antes deveria ser o Hotel Hilton. “Essa desapropriação está sendo trabalhada pela secretária da Fazenda do Município e nossa expectativa é que isto aconteça rápido, para que a gente possa avançar com o projeto”, pontuou.
Ainda nesta linha de cultura vinculada ao turismo, o gestor municipal destaca a situação do Forte de São Marcelo, situado num braço de areia na Baía de Todos-os-Santos, cuja recuperação da estrutura o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) acabou de concluir. “A ideia é que a prefeitura passe a ser gestora desse espaço e dê um conteúdo cultural também, pra que ele volte a receber visitantes, sobretudo os turistas”.
Para divulgar mais o destino Salvador além-fronteira Érico Mendonça diz que o site SalvadordaBahia.com está em fase de finalização e revela que a sua intenção também é fazer a ampliação do plano de marketing da capital baiana, também usando recursos do Prodetur.
Turismo Náutico na Baía de Todos os Santos
Resultado de uma ação conjunta envolvendo a Associação Comercial da Bahia, o Salvador Destination, a Prefeitura Municipal de Salvador, Yatch Club da Bahia e a ONG Fundação Bahia Viva, a inscrição da candidatura da Baía de Todos os Santos no Clube das Mais Belas Baías, já dá bons resultados para o turismo náutico nas águas mansas do mar da bela baía baiana, que recebeu recentemente no México, o título de Membro do Clube.
“Este selo nos dá a possibilidade de promover o turismo náutico e, dentro desta linha, nós realizamos o Primeiro Congresso da Economia Náutica, em parceria com o Yatch Clube. Deste encontro, iniciado nesta quinta-feira, 24, sairemos com a Carta de Salvador com compromisso, públicos e privados, de um trabalho de criação de um Comitê para discutir o turismo náutico na cidade. Evidente que o turismo náutico é uma atividade que não se pode concentrar só em um município, tem que envolver todos os outros que fazem parte do entorno da Baía de Todos os Santos, mas como Salvador é o maior de todos, e principal portão de entrada da baía, a gente está assumindo este papel, como complemento também ao segmento de turismo de Salvador ”.
Verão com mais turistas na capital baiana
Com relação ao verão que se aproxima o secretário Érico Mendonça diz nutrir uma expectativa de que a estação registre um fluxo de 15% a mais de turistas do que no mesmo período do ano passado, o que representará um volume superior a 2 milhões de visitantes. “Pra que tenhamos mais movimento, fizemos o lançamento do Verão em Salvador agora em São Paulo, com a presença da imprensa e formadores de opinião. Divulgamos a nossa grade de programação, que inclui o Réveillon, os eventos que já são tradicionais, como a Lavagem do Bonfim, Festa de Iemanjá, os ensaios de Carnaval e o próprio Carnaval, que vai se modificando, com cada vez menos blocos com corda, o que tem dado uma diversidade ao período de carnaval em Salvador”.
Quanto às críticas naturais dos turistas, em qualquer cidade do mundo que lida com o turismo, principalmente relativas à segurança e serviços, Mendonça comenta: “A questão da segurança é uma ação muito mais vinculada à Polícia Militar e ao governo do estado. Nós estamos, em parceria com a própria PM, no Centro Histórico, por exemplo, atuando conjuntamente pra melhorar a qualidade da segurança nessas áreas de interesse turístico. O que precisamos é efetivamente ter uma participação mais forte tanto da Polícia Militar, quanto da Secretaria de Segurança do Estado e da Guarda Municipal, no sentido de que evitemos problemas, sobretudo nesses espaços turísticos. Gera, quando acontece qualquer caso, uma mídia negativa muito forte a gente percebe que é um dos elementos que mais afasta o turista de visitar, não diria Salvador, mas de visitar o Brasil e, em contra ponto a gente não ver muito notícias positivas sendo veiculada lá fora, principalmente no mercado estrangeiro, que é mais sensível às questões da segurança. O próprio brasileiro, de uma certa forma, já tem uma informação maior e sabe mais como se comportar em cidades que não conhece bem. Mas o turista estrangeiro, as vezes chega de uma maneira bastante inocente, achando que pode circular em qualquer local e que está seguro, então notícias negativas são sempre ruins pra área de turismo”.
“Um espaço de grande porte como o Centro de Convenções faz falta”
Como não poderia deixar de ser, o titular da pasta do Turismo da, também foi abordado sobre o fim do Centro de Convenções de Salvador, pelo visto definitivamente desativado até o governo do estado se posicionar sobre a recuperação do atual ou construção de um novo.
“É um equipamento importantíssimo, sobretudo pro período de baixa estação, e ele foi construído exatamente pra reduzir o impacto deste período na cidade. Aliás, como em qualquer outra cidade do mundo, ele tem esta função, de estabilizar, e o turismo de negócios em Salvador sempre foi um turismo muito forte. Lembro que em, alguns anos atrás, o período de setembro, outubro e novembro era com taxa de ocupação hoteleira semelhante ao do verão, o que mostrava como o Centro de Convenções atuava recebendo grandes eventos. Sentimos muito, porque eu acho que Salvador está sendo bastante prejudicada com relação a falta deste espaço. Nós tivemos uma ampliação do número de equipamentos hoteleiros recentemente, até por conta do incentivo que a Copa deu em termos de investir em hotelaria, naquela região da Avenida Tancredo Neves foram vários hotéis que se implantaram, inclusive também próximo ao aeroporto, enfim, o que fez com que a oferta hoteleira crescesse e, em contra partida, nós tivemos uma redução de fluxo por conta dessa deficiência. Nós estamos em parceria com a Salvador Destination, que é uma associação criada com esse fim, de atrair eventos pra cidade, patrocinando uma série de ações na busca de eventos. Em parceria com eles trazendo pra Salvador, pra conhecer a cidade e seus espaços alternativos, que são os espaços que existem nos hotéis, pra evidente eventos de médio e pequeno porte, essas associações médicas sobretudo, que são aquelas que promovem congressos e seminários. Elas têm saído de Salvador bastante motivadas por ver que a cidade hoje está em melhores condições, com bastantes atrações para os seus próprios congressistas nas suas horas vagas e tem já dado resultado em termos de atração de eventos de pequeno e médio porte. Se eu não me engano já está em torno de 18 eventos que estão vindo pra Salvador a partir deste ano de 2017, mas claro que um espaço de grande porte como o Centro de Convenções faz falta”comentou.
Questionado se a Prefeitura teria planos de construir um Centro de Convenções à altura de grandes eventos, Érico Mendonça afirmou que o poder municipal “não tem nenhum projeto próprio pra suprir isso. O que nós temos tentado viabilizar, e vamos continuar, evidentemente, é ter um espaço pra eventos, não digo eventos de convenções, mas que evidentemente pode ser usado pra convenções, mas um espaço, numa parceria público-privada. Nós temos este objetivo de tentar também atrair alguma grande marca, algum grande patrocinador para, em conjunto com a prefeitura, criar um espaço como esse, para atividades ligadas ao turismo de negócios. Existem algumas alternativas, evidente que não são terrenos da prefeitura, por isso que a gente não pode dizer agora por que são áreas disponíveis, porque isso vai depender muito de uma negociação com os proprietários, mas a gente já vem pesquisando espaços que possam ser usados pra esse tipo de equipamento para construção a partir do zero”, finalizou.
