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A existência da Associação Brasileira de Escritores e Jornalistas de Turismo, com abrangência apenas no Rio de Janeiro, sem qualquer vinculação com as entidades regionais, começou a me incomodar. Levantei, então, a bandeira de nacionalização da entidade. Ou seja, o banimento das siglas de todas as entidades estaduais e a adoção do título ABRAJET com cobertura em todo o território nacional, do que as entidades estaduais seriam naturais “Seccionais”.

 

Aquela altura, já existiam associações dos profissionais especializados no Ceará, no Rio Grande do Norte, na Paraíba, em Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Brasília, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, além, claro, da ABRAJET no Rio, com denominações próprias.


Comecei, então, a me movimentar junto aos companheiros dos demais Estados, sensibilizando-os para a tese da nacionalização, o que conferiria uma efetiva e racional  organização ao sistema.


Evidente que conquistei o apoio unânime das entidades regionais. Passei, então, a tentar convencer a própria ABRAJET a “comprar” a ideia, através do seu Presidente de então, que era o jornalista baiano Clorivaldo Araújo Castro, editor do Jornal do Turismo do Rio. Estranhamente, encontrei resistência, o que entendi como um fato ininteligível.


Na sequência dos meus esforços, encontrávamo-nos em Lisboa, por conta de uma reunião da Luso-Brasileira. Vivíamos o ano de 1985 e este episódio ainda permanece vivo em minha memória – que já não é tão eficiente, por acaso.


Estávamos na Praça da Figueira, na capital lusitana, ali ao lado do Rossio, e aproveitei a oportunidade para voltar a tentar convencer ao Araújo Castro da imprescindibilidade de nacionalizar a ABRAJET. Se a memória ainda não me equivoca, alguns companheiros estavam conosco, como o Tito Silveira, então chefe da comunicação da KLM.


Não entendia a resistência do Araújo. Na minha leitura, creio que ele temia que a ampliação dos limites naturais da ABRAJET pudesse comprometer a sua liderança, que dependia tão somente do grupo do Rio de Janeiro. Raciocínio que não era verosímil.


Colocava a disposição dele a Bahia, para realizarmos o que seria o primeiro Encontro Nacional dos Jornalistas e Escritores de Turismo, assegurando-lhe todo o apoio logístico, então. Não consegui vencer a sua resistência.


Foi ali que adotei uma ousada decisão: disse-lhe que se ele não aderisse, eu iria realizar aqui em Salvador o desejado Encontro, por minha conta.

 

Vale lembrar que, aquela altura, já contava com a adesão de todos os companheiros dos demais Estados. A ameaça não ficou ali. No retorno a Salvador, procurei Jean-Louis Delquinie, o, então, Diretor do Hotel Méridién, e lhe solicitei apoio para a realização do Encontro. Informei-lhe que estimava em cerca de 70 participantes e que necessitaria do número de apartamentos cortesia entre os três hotéis quatro e cinco estrela da cidade.


Surpreendentemente, Delquinie chamou o angolano Mário Monteiro, também Diretor-Adjunto do hotel, e o autorizou a disponibilizar aquela quantidade de quartos para o encontro, em carater de cortesia de diária com café da manhã pois desejava exclusividade. Surpreso, parti para a consecução do projeto. Incumbi ao meu irmão Hélio, então tesoureiro da AJOTEBA, da responsabilidade de inscrição dos companheiros de todo o país. Cerca de uns 15 dias antes do evento, já estávamos com mais de 70 inscritos.
 

Voltei ao Delquinie para lhe informar que não lhe poderia conceder a exclusividade.


Mais uma vez me surpreendeu, ao pedir que eu definisse quantos apartamentos, enfim, necessitaria. Informei-lhe de que não poderia fazê-lo pois me exporia a incorrer em novo equívoco, desde quando ja não conseguiria estimar com quantos inscritos finalmente contaríamos.
 

Delquinie, mais uma vez, chamou o Monteiro e para a minha estupefação, determinou que me fossem disponibilizados tantos apartamentos quantos eu necessitasse para o Encontro.


Foram mais de 100 os participantes.

 

Então, em reuniões memoraveis no Salão Aratu do Hotel Méridién Bahia, as quais o Araújo Castro não teve outra alternativa que não aderir, enfim, nacionalizou-se a ABRAJET, ficando a sigla para o capítulo nacional e como Seccionais as entidades de todos os Estados.


Aquele Encontro, posteriormente, foi considerado como o Primeiro Congresso Brasileiro de Jornalistas de Turismo.
 

A razão falou mais alto, então.

 

CARLOS CASAES

Histórias da ABRAJET por Carlos Casaes

E a ABRAJET, enfim, foi nacionalizada

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